Consultoria empresarial é a atividade que exerço nos últimos quinze anos, mas não foi sempre assim, por trinta anos atuei na área de tecnologia de informação como funcionário.
Costumo dizer que fui “nerd” antes da palavra ser inventada, iniciei minha jornada corporativa como estagiário de programação de computadores em 1975 e encerrei ocupando a posição de CIO (chief executive officer), tendo atuado em empresas de vários setores econômicos.
Minha mudança de funcionário para autônomo não foi simples, pois durante vários anos me acostumei a frequentar o mesmo endereço, utilizar a mesma mesa, ter salário mensal, férias remuneradas e outras “mordomias”. Na prática não há benefício nisso, pois os valores são descontados do salário que receberíamos.
Nossa legislação trabalhista tem um viés “paternalista”, nos trata como pessoas incapazes de gerir seus fluxos de receitas e despesas, como se não conseguíssemos cuidar do próprio dinheiro. Com esta visão, precisamos do governo cuidado de nossa reserva para o futuro, do sindicato exigindo direitos adicionais e por aí vai.
A mudança de carreira não ocorreu por vontade própria, fui demitido porque eu não entregava algo compatível com o que eu custava para a organização. Em outras palavras, meu conhecimento e experiência não eram tão relevantes para a posição naquele contexto de mercado. A maioria de nós é eficiente em rotinas, não em evolução.
Alguns meses após ser demitido um amigo ofereceu emprego para uma posição técnica. Aceitei sem delongas imaginando que poderia recomeçar, pois eu havia atuado como especialista no passado. Ledo engano, além das tecnologias serem outras eu não tinha as habilidades do passado e não entreguei o que a organização precisava.
Aos 46 anos de idade, retornei à procura de emprego, incentivado por amigos e conhecidos que diziam que alguém com as minhas credencias logo voltaria à ativa, inclusive ocupando uma posição melhor que a ultima exercida como gestor. Nesta hora a gentileza dos amigos não ajuda, não há realismo, só torcida para que tudo se resolva.
Nos três anos seguintes nem consegui ser chamado para entrevistas de emprego e paralelamente comecei a realizar trabalhos para conhecidos. Eu atuava como autônomo, mas ainda tinha esperança de arrumar um emprego “quase” tão bom quanto aquele que eu havia ocupado nos últimos anos como funcionário.
Foram anos de grande transformação, além da execução dos projetos em si, eu tive que aprender a prospectar, precificar, vender, gerenciar os clientes e o mais difícil de tudo, administrar o dinheiro recebido. Este último era um desafio, pois eu ainda estava acostumado a contar com um salário no final do mês.
Somente após vários anos eu percebi que um ciclo profissional havia se encerrado quando eu fui demitido daquela posição executiva. Hoje entendo com clareza, eu queria que as coisas continuassem como eram ao longo de trinta anos, salários mensais, férias, mesa fixa, etc. Eu acreditava que aquilo era mais seguro, hoje sei que não é.
Finalmente eu estava pronto para focar na nova jornada profissional, que era disponibilizar meu conhecimento e experiência para empresas, como um profissional autônomo, um Consultor Empresarial. Acredito ser uma excelente opção de carreira, especialmente para aqueles que gostam de desafios e aprender continuamente.
Os melhores consultores que conheci tem o seguinte perfil: Boa formação acadêmica, mais de quarenta anos, atuaram em grandes empresas como funcionários, ocuparam cargos de liderança e tem um genuíno interesse de trabalhar compartilhando seus conhecimentos e experiências.
E você leitor, qual a sua opinião sobre este assunto?
Compartilhe sua experiência sobre novas jornadas profissionais e a atuação de consultores.
Rogério Nunes
Comments